07/07/2022 às 11h10min - Atualizada em 07/07/2022 às 11h10min

Jornalista negra é vítima de ataques racistas em cartazes no RJ, e entidades repudiam

Folhetos foram colocados em pontos de ônibus de São Pedro da Aldeia e Cabo Frio. Um dos cartazes estava ao lado de um folheto que traz a mensagem: "A causa da violência mundial é a falta de Jesus Cristo no coração". FENAJ e a Abraj se manifestaram sobre os ataques.

Por Larissa Vilarinho, g1 — Cabo Frio
Ataque foi feito em um ponto de ônibus de São Pedro da Aldeia. Um outro cartaz também foi encontrado em outro ponto — Foto: Renata Cristiane/Arquivo Pessoal
Um cartaz com os dizeres "Renata Cristiane repórter macaca Cabo Frio", foi colocado em um ponto de ônibus de São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos do Rio. O ataque foi contra a jornalista Renata Cristiane de Oliveira que atua há 20 anos na região.

Os folhetos foram colocados em pontos de ônibus de São Pedro da Aldeia e Cabo Frio. Um dos cartazes estava ao lado de um cartaz que traz a mensagem: "A causa da violência mundial é a falta de Jesus Cristo no coração". Os ataques foram feitos na sexta-feira (1º).

Entidades jornalísticas, como a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgaram notas de repúdio aos ataques feitos nesta quarta-feira (6).

"O Sindicato dos Jornalistas, além de lamentar, denunciar, combater, qualquer ato de violência, assédios, preconceito, homofóbico, racista, solicita as instituições públicas policiais e de Direitos Humanos, assim como a OAB, apoio para coibir tais atitudes abomináveis e punir os responsáveis. A jornalista Renata nossa total solidariedade!", disse a FENAJ.
 
A Abraji monitora ataques a jornalistas no ambiente físico e nas redes sociais. Segundo a associação, as agressões têm escalado. O relatório de monitoramento dos ataques a jornalistas com os dados de 2021 integra o Relatório Sombra da rede Voces del Sur, que reúne informações de 14 países da região.

"No Brasil, no ano passado, foi registrado um crescimento de 23,4% em relação a 2020, chegando-se a 454 registros de janeiro a dezembro de 2021. A Abraji também monitora ataques com viés de gênero", diz a nota.

Difícil saber como agir


Um outro cartaz também foi encontrado — Foto: Renata Cristiane/Arquivo Pessoal
 
Renata diz que é muito bom ver que está recebendo apoio e que é um misto de vergonha e revolta o que esta acontecendo. A jornalista fala que é difícil saber como agir.

"Eu mesma no dia seguinte fui lá no dia seguinte e apaguei. Eu mesma apaguei, peguei um spray e cobri aquilo. Fiquei com vergonha daquele negócio. Todo mundo lá no ponto de ônibus super movimentado e vou ficar com o meu nome lá, macaca. Fui lá e apaguei", conta a jornalista.

Ela diz que é cansativo, pois muitas pessoas acham que é mimi e que está fazendo isso para aparecer.

"Fazer isso para que, pra ficar sendo ridicularizada? Amanha ou depois isso tá sendo reproduzido em outros pontos de ônibus, entende? Daqui a pouco vai tá no Jardim Esperança [bairro de Cabo Frio], vai tá em Arraial do Cabo, em Iguaba", diz.

Renata informou que vai registrar o caso na delegacia após conselho das entidades.




Fonte: https://g1.globo.com/rj/regiao-dos-lagos/noticia/2022/07/07/macaca-jornalista-negra-e-vitima-de-ataques-racistas-em-cartazes-no-rj-e-entidades-repudiam.ghtml

 

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