O vendedor ambulante Guaracy Lopes Junior é um dos que esperam a chegada do auxílio com ansiedade. Ele mora com outras nove pessoas em uma casa na comunidade de Acari, na Zona Norte. Ex-morador de rua, atualmente vive com a esposa, seis crianças, a sogra e a cunhada.
Ele conta que foi inscrito no benefício em maio, mas ainda não recebeu nada.
Para ajudar a sustentar a família, ele vende balas em sinais de Copacabana, na Zona Sul. No lugar onde ele trabalha é conhecido como Careca, apesar da vasta cabeleira.
“É pra comprar arroz e feijão mesmo”, conta Guaracy sobre o que pretende fazer com o dinheiro.
Busca por alimentos descartados na Ceasa
Os dias do ambulante são passados nos sinais do bairro da Zona Sul, onde tira cerca de R$ 1,2 mil por mês. Às vezes, a esposa o acompanha.
Guaracy Lopes Junior, que trabalha vendendo balas em sinais de trânsito, aguarda a liberação do Auxílio Brasil — Foto: Cristina Boeckel/ g1
Pelo menos uma vez por semana, as manhãs são passadas no Ceasa. Para garantir que a família não passe fome, ele revira as caçambas em busca de alimentos que estão sendo descartados, mas que ainda podem ser aproveitados.
“Eles jogam muitas coisas fora e eu separo algumas coisas boas e levo para casa”, disse.
As famílias em situação de extrema pobreza, de acordo com as regras do Auxílio Brasil, são aquelas com renda mensal per capita de até R$ 105. As que são consideradas como em situação de pobreza são as que possuem renda familiar mensal per capita entre R$ 105 e R$ 210.
Longa fila de espera
Angela Pereira da Silva também aguarda pela concessão do Auxílio Brasil. Também moradora de Acari, ela tem duas filhas, de 7 e 10 anos de idade, e espera usar o dinheiro para ajudar no pagamento do aluguel e da alimentação das filhas.
Ela, que já trabalhou como auxiliar de limpeza, conta que entrega currículos, mas não recebe nenhum retorno.
“Eu recebi uma cesta do CRAS, mas a cesta acabou. Então eu peço ajuda em outros lugares e me pedem para aguardar e eu fico aguardando. Eu saio, tento achar algo para fazer e não consigo. Para mim está difícil”, contou.
Angela Pereira da Silva precisa do Auxílio Brasil para alimentar as filhas — Foto: Arquivo pessoal
A dificuldade em encontrar um trabalho e o sustento com a ajuda de doações causam angústia em Angela sobre o futuro.
“A gente só almoça, mas jantar a gente não janta”, conta ela sobre as refeições feitas em um fogareiro emprestado pela dona do imóvel onde vive.
A secretária de Assistência Social, Maria Domingas Pucú, diz que o crescimento da pobreza e o aumento no valor do benefício ajudaram a impulsionar a busca pelo auxílio. Ela destaca que é preciso mais agilidade para a concessão.
“O Brasil voltou para o Mapa da Pobreza e da Fome. Isso significa que as pessoas não têm dinheiro para comer, para comprar insumos básicos, estar dispondo de material de higiene, limpeza, de cuidados básicos. Isso cria um impacto absurdo”, disse a secretária.
O Ministério da Cidadania afirma que a seleção, habilitação e a concessão do Auxílio Brasil são realizadas mensalmente pelo Sistema de Benefícios ao Cidadão (SIBEC). O ministério esclarece que é preciso manter atualizadas as informações no Cadastro Único, que também permitem acesso a outros programas sociais do Governo Federal.
A pasta ressalta que a inscrição no Cadastro Único não garante a entrada ou repasse imediato de recursos. Segundo o ministério, os recursos do programa beneficiaram mais de 18 milhões de famílias em todo o Brasil. Ainda de acordo com o poder federal, a folha de pagamento do benefício chegou a R$ 7,6 bilhões este ano.
O orçamento anual do programa é de cerca de R$ 90 bilhões.
Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2022/07/07/rio-tem-109-mil-pessoas-a-espera-do-auxilio-brasil-sem-garantia-de-receber-numero-de-pedidos-cresceu-40-mil-em-um-mes.ghtml