Festa junina é assunto levado a sério na Escola Técnica Estadual (Etec) José Martimiano da Silva, de Ribeirão Preto. “Há mais de 20 anos a comemoração é feita na unidade que, em 2023, chegou a reunir 1,5 mil pessoas”, conta a diretora Silvania Soares da Silva Santos. Como a escola faz aniversário em junho (está completando 97 anos), até mesmo os alunos mais antigos comparecem aos festejos.
São dois meses de organização em que todos se envolvem: estudantes, professores, funcionários e familiares, sob a coordenação da Associação de Pais e Mestres (APM), e de Marina Rossini Nascimento, assessora técnico administrativa. Um time eficiente obtém as prendas. “Contamos com uma equipe de três professoras especialistas na área, e há empresas parceiras que sempre colaboram”, explica a diretora, que já está acostumada a ir para a “cadeia”, ao lado de professores da unidade. Nessa brincadeira, para quem não é familiarizado com uma boa festa junina, um primeiro “guarda” pergunta às pessoas quem elas mandariam para a prisão, enquanto um segundo toma conta dos presos, confinados em um local um pouco mais fechado. “Os alunos adoram nos prender”, diverte-se Silvania.
Fazem sucesso também o correio elegante e a quadrilha, que este ano será improvisada, sem ensaios prévios, porque a festa foi transferida para um espaço emprestado enquanto algumas áreas da Etec passam por uma reforma. A festa será na sexta-feira (21), das 19 às 23 horas, e a comunidade externa pode para participar. Basta comprar o convite, com renda revertida para a APM, como toda a arrecadação da festa.
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Difícil é imaginar cenário tão alegre sem os doces e salgados tradicionais, que podem até ganhar releituras, mas seguem fiéis aos quitutes que frequentam as homenagens a São Pedro, São João e Santo Antônio, embora o trio seja na verdade um quarteto: “São Paulo também faz parte da festa”, conta Mirna Câmara Perillo, professora de Gastronomia da Etec Santa Ifigênia, da Capital. É ela a autora do bolo de milho que faz sucesso o ano todo, especialmente em junho (veja receita abaixo).
O milho, nas mais variadas receitas, é presença constante nas festas juninas do País, em receitas que vão da pipoca ao curau. Ao lado do grão brilha o amendoim, também multiplicado em pé-de-moleque e paçoca. Na Etec de Vargem Grande do Sul, “a turma do segundo módulo do curso técnico em Nutrição e Dietética realizou uma aula prática para recriar receitas típicas”, como conta Kenedy Cristiano Bernardes, diretora de serviço da área acadêmica da unidade. De lá saíram além do brigadeiro de milho com coco (confira a receita abaixo), canjica sertaneja, pipoca gourmet caramelizada com paçoca e bolo de fubá com brigadeiro de milho e paçoca, além de uma bebida gourmet de amendoim, entre outras delícias.
A Etec de Ribeirão Preto inova com um pão de queijo com ora-pro-nóbis. Silvania explica que as turmas do curso Técnico de Gastronomia e de Nutrição e Dietética e do Ensino Médio Integrado ao Técnico em Nutrição e Dietética costumam elaborar receitas diferentes, especialmente nos trabalhos de conclusão de curso (TCCs). Segundo a diretora, o ora-pro-nóbis acrescenta sabor e nutrientes ao pão de queijo tradicional (veja a receita abaixo).
A festa junina, tão brasileira, nasceu como festa pagã na Antiguidade. Quando se aproximava a época da colheita de cereais, no solstício de verão do Hemisfério Norte, a população do campo acendia fogueiras, pedindo fartura aos deuses, e que afastassem pragas e todo o mal que pudesse recair sobre o alimento cultivado. Os cultos atravessaram os séculos e os territórios, chegaram à Península Ibérica e, já no início da colonização do Brasil, aqui aportaram pelas mãos dos padres jesuítas. Portanto, o ponto de partida das festas juninas foi o Nordeste, e o milho – mais comum do que o trigo – cereal mais reverenciado nas festas da colheita, tornou-se um ingrediente imprescindível.
Os santos da tradição têm dias determinados: Santo Antônio, dia 13; São João, dia 24; São Pedro, com São Paulo, dia 29. Quando chegaram a Portugal, os cultos aos deuses direcionavam a popularidade a São João Batista, primo de Jesus Cristo. Conta a tradição que João, asceta, rude e rigoroso, dormia no dia de seu aniversário, o que dava tempo à população para que festejasse à vontade, com fogueira, comida e bebida fartas.
De acordo com o folclorista Luís da Câmara Cascudo (1898-1896), se João Batista, atraído pela comemoração e pelo fogo, descesse à Terra, condenaria a humanidade à extinção. E vem daí o verso: “Se São João soubesse quando era o seu dia, descia do céu à Terra com prazer e alegria. ‘Minha mãe, quando é meu dia?’ ‘Meu filho, já se passou!’ ‘Numa festa tão bonita minha mãe não me acordou!’ Acorda, João! Acorda, João. João está dormindo, não acorda, não”.
Confira seis receitas sugeridas pelos professores para tornar as festas juninas ainda mais deliciosas:
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