22/07/2024 às 22h09min - Atualizada em 23/07/2024 às 00h00min
Novas moléculas desenvolvidas em pesquisas prometem revolucionar o acesso a tratamentos para obesidade
Estudos divulgados pela American Diabetes Association tiveram bons resultados no desenvolvimento de moléculas menores, como a GS-4571. Especialista explica que essa nova classe de medicamentos deve chegar ao mercado com preços mais acessíveis
QU4TRO COMUNICAÇÃO
Freepik Pesquisas apresentadas no Congresso da American Diabetes Association e publicadas pelas farmacêuticas no meio deste ano apontaram avanços na produção de novos medicamentos orais para emagrecimento. Com menores custos de produção, esses comprimidos devem chegar ao mercado com valores mais em conta do que medicações injetáveis como o Ozempic, por exemplo.
Grande parte dos medicamentos que levam ao emagrecimento atuam de forma a "imitar" o GLP-1, hormônio produzido nas células endócrinas do intestino que estimula a insulina, tendo grande poder antidiabético, além de provocar a perda de peso.
Descobertas
Uma das descobertas reveladas no congresso é a de uma molécula que pode revolucionar o tratamento de diabetes e obesidade: a GS-4571. Estudo divulgado pela Associação Americana de Diabetes apontou que a administração oral de GS-4571 uma vez ao dia em macacos diabéticos obesos não apenas mostrou melhor controle glicêmico, mas também um aumento na perda de peso ao longo de 36 dias. Segundo os pesquisadores, esses dados apoiam o desenvolvimento contínuo da molécula como um novo agonista de GLP-1 a ser usado em breve em humanos por via oral.
"Esses (atuais) agonistas peptídicos do GLP-1 exigem injeções subcutâneas frequentes ou diretrizes de dosagem rigorosas, aumentando assim a necessidade de desenvolver um agonista oral de GLP-1 de molécula pequena", diz a pesquisa.
Outro estudo, divulgado neste mês pela empresa farmacêutica Roche, teve resultados positivos para o CT-996, um comprimido oral diário destinado ao tratamento da diabetes tipo 2 e da obesidade. O CT-996 também é um agonista do GLP-1, pertencente à mesma classe de medicamentos da semaglutida, princípio ativo do Ozempic.
De acordo com o doutor em endocrinologia clínica Flavio Cadegiani, os tratamentos de diabetes e obesidade tiveram grandes avanços nas últimas décadas por meio de novas classes de medicamentos. "Esses novos remédios, além de terem efeitos benéficos para a diabetes, são eficazes também para a obesidade, uma vez que 90% das pessoas com diabetes tipo 2 têm como causa subjacente o excesso de peso", aponta o médico especialista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo (SBEM).
"Um achado fortuito do GS-4571 é que, por não ser uma glicoproteína, ele não é digerido, então não é destruído no estômago. Assim, o paciente poderia tomar em qualquer momento do dia", revela.
Redução de custos
Conforme o endocrinologista, o desenvolvimento dessas moléculas é um importante avanço para a redução dos custos dos medicamentos para emagrecimento, uma vez que teriam custos de produção mais baixos. "Essas duas novas moléculas não vieram para tentar superar as moléculas atuais, mas para preencher uma lacuna gigantesca, que é a dificuldade de acesso a esses novos medicamentos devido ao alto custo", afirma.
"Os pesquisadores conseguiram desenvolver moléculas que imitam o hormônio GLP-1, mas com um custo mais baixo de produção. Isso foi falado no Congresso da American Diabetes Association. Trata-se de um grande benefício dessa nova classes de medicamentos, que esperamos que cheguem logo ao mercado com preços acessíveis à população", complementa Cadegiani.
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ANA KAROLLINE ANSELMO RODRIGUES
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