27/07/2022 às 20h26min - Atualizada em 27/07/2022 às 20h26min

Pré-candidata a Deputada Federal Letícia Costa foi filmada oferecendo atendimento médico em troca de votos.

Atual vereadora de São João de Meriti foi flagrada em vídeo durante um ato de clientelismo, quando algum tipo de favor é oferecido em troca de votos.

Vinícius Sampaio e LF Albuquerque
Foto: Reprodução / Facebook Dra. Letícia Costa
A vereadora de São João de Meriti e atual pré-candidata a Deputada Federal pelo Partido Liberal (PL) Doutora Letícia Costa, foi flagrada em prática ilegal em um vídeo oferecendo atendimento médico gratuito em troca de votos.

A justificativa da candidata ao vídeo foi: “Isso aí é uma consequência, né? A gente ajudar o próximo. É uma consequência. É melhor do que oferecer R$ 100, R$ 200, como muitos fazem por aí. E não é o caso".

Mal sabe Letícia que isso é um crime gravíssimo chamado de Clientelismo (prática de eleição ilegal de certos políticos que consiste em privilegiar um número de pessoas em troca de seus votos; troca de favores entre quem detém o poder e quem vota). Na gravação, é possível ver com clareza a vereadora conversando com algumas pessoas. A filmagem foi feita há cerca de dez dias, no bairro Tomazinho, em São João de Meriti.


 

 
 

"Se a senhora quiser o atendimento comigo, passar por mim, pra eu cuidar do seu coração, a senhora tem que falar que vai votar em mim. Senão, não tem como atender. E não é só o seu. A senhora vai falar com uma amiga, uma vizinha", completou Letícia durante o vídeo.

 
O vídeo também mostra a sequência da conversa, onde um morador tenta convencer a vereadora de conseguir a consulta.
 
(Letícia) - Tá. Mas aí tem que ver isso direitinho.
(Homem) - Vota comigo mesmo.
(Letícia) - Porque se não vai me usar, entendeu? E a família.
(Homem) - Não vai te usar. Três vota comigo aqui oh.
(Letícia) - Tem que ver direitinho. Porque esses atendimentos que eu faço são pra pessoas amigas, entendeu?
 
Nas imagens, uma mulher que aguarda para falar com a pré-candidata parece se intimidar com o pedido de Letícia.
 
(Mulher) - Por acaso eu falei que não ia votar nela? Eu falei?
(Letícia) - Não, a senhora falou que não sabe, que vai ver ainda.
(Mulher) - Não, não minha filha. Até chegar as eleições, muitas águas ‘vai’ rolar, entendeu?
(Letícia) - É, mas aí se a senhora quiser o atendimento comigo, passar por mim, pra eu cuidar do seu coração, a senhora tem que falar que vai votar em mim. Senão, não tem como atender.
(Letícia) - Porque eu sou curta e grossa, do jeito que a senhora é eu sou também. Entendeu?
 
Em outro momento da gravação, a médica aparece oferecendo um atendimento de cardiologista no posto médico público.

 

"No posto, eu arrumo um cardiologista pra ela no posto", ofereceu a vereadora.


                           
Foto: Reprodução / Facebook Dra. Letícia Costa

E isso tudo em um município de São João de Meriti onde muitos pacientes sofrem para conseguir atendimento na rede pública de saúde.

Na última terça-feira (26), a UPA Jardim Iris estava lotada. Pacientes reclamavam da demora no atendimento no local e da saúde precária que São João têm no momento.

 
"Meu atendimento, é só fazer as contas: Cheguei às 11h47. Agora são 16h54. São mais de cinco horas de fila de espera", disse Alan Oliveira.


A moradora Gabriela Lemos disse que, em meio ao caos na UPA, algumas pessoas conseguem furar a fila. Segundo ela, pacientes que chegaram na UPA com a indicação de algum padrinho político foram atendidos.
 

"Chegou aí várias pessoas que são amigos de vereadores. Eles falam o nome de vereadores, de pessoas daí de dentro. Aí falam nome de vereador, nome da pessoa e entram", denunciou Gabriela.


Por nota, Letícia Costa disse que nunca fez atendimento médico ou prestou socorro a alguém em troca de favor ou votos.
 
Caso semelhante que deu muito problema...
 
Na Bahia, um caso igual o de Leticia Costa, levou a cassação de um deputado que usou atendimentos médicos gratuitos para angariar votos. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral), aceitou um recurso do MPE-BA (Ministério Público Eleitoral da Bahia), para cassar o deputado estadual Targino Machado Pedreira Filho (DEM-BA) nas eleições de 2018.

O candidato foi acusado por abuso de poder econômico e político, após uma auditoria da Sesab (Secretaria de Saúde do Estado da Bahia), que apontou suspeita de troca de atendimentos médico por votos.

Segundo o MPE, o político aproveitou a condição de médico para realizar atendimentos gratuitos à população de Feira de Santana (BA), com a intenção de angariar votos para sua campanha.

De acordo com o relator do recurso na Corte Eleitoral, ministro Sérgio Banhos, ficou caracterizado o abuso do poder econômico com gravidade suficiente para afetar a higidez de todo o pleito eleitoral.

 

“A conduta filantrópica que, mesmo indiretamente, vincule o serviço oferecido à figura do agente prestador – que, no caso, é agente político atuante e com consequentes mandatos na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia e então pré-candidato às Eleições de 2018 –, reverbera inegavelmente no contexto do pleito, causando distúrbios que impedem o desenvolvimento regular e igualitário do processo eleitoral”, destacou em seu voto.

 
Abuso do poder econômico e político
 
O abuso do poder econômico em matéria eleitoral é a utilização excessiva, antes ou durante a campanha eleitoral, de recursos financeiros ou patrimoniais, buscando beneficiar candidato, partido ou coligação, afetando, assim, a normalidade e a legitimidade das eleições.
 
Já o abuso do poder político ocorre nas situações em que o detentor do poder se vale de sua posição para agir de modo a influenciar o eleitor, em detrimento da liberdade de voto. Caracteriza-se, dessa forma, como ato de autoridade exercido em detrimento do voto.

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