O perfil de uma mulher negra cuspindo espadas de São Jorge. Essa é a imagem da nova bandeira do MAR, Museu de Arte do Rio, que foi hasteada nesta quinta-feira.
Com isso, o Museu quer provocar reflexões sobre racismo, lugar de fala dessas mulheres e a ancestralidade afro-brasileira.
Inspirada pelo conceito de “Pretuguês” da filósofa negra Lélia Gonzalez, a obra foi criada especialmente para o MAR pela artista também negra Rosana Paulino.
O “Pretuguês”, para Lélia, é o jeito de falar simples do brasileiro, uma mistura das línguas africanas dos escravizados que vieram para o Brasil com o português de Portugal.
Segundo Raphael Callou, Diretor e Chefe da Representação da Organização dos Estados Ibero-americanos no Brasil, que faz a gestão do Museu, a nova bandeira quer reforçar esse pretuguês, como o lugar onde a mulher negra fala e onde ela se posiciona. Ele também destacou os simbolismos da bandeira em uma região que ficou marcada pela escravidão.
A artista Rosana Paulino se disse orgulhosa do trabalho desenvolvido com o MAR, que reforça a voz das mulheres negras.
Rosana Paulino possui obras na exposição principal do MAR, “Um Defeito de Cor”, que está em cartaz até maio do ano que vem. A artista também foi a primeira mulher negra a ter uma mostra individual exposta no museu, com “A Costura da Memória”, em 2019.