O candidato à Prefeitura de São João de Meriti, Valdecy da Saúde (PL), está no centro de uma investigação da Polícia Federal que aponta seu envolvimento em uma organização criminosa especializada em disseminar notícias falsas para influenciar o resultado das eleições municipais. O grupo, conhecido por seu "teatro invisível", contratava atores para fingirem ser moradores locais, espalhando desinformação nas ruas a favor de Valdecy e contra seus adversários. A operação, que já resultou na prisão de quatro pessoas, pode levar à cassação da candidatura de Valdecy antes mesmo das eleições.
Segundo a Polícia Federal, a quadrilha operava em pelo menos 13 cidades do Rio de Janeiro e atuava desde 2016, sempre contratando atores e coordenadores para simular situações de descontentamento público. Esses atores, chamados de "agentes de ação", participavam de ensaios organizados em galpões e salas de aula, recebendo até R$ 2.500 por apresentação. Os coordenadores de cada grupo, por sua vez, ganhavam R$ 5.000 pelo trabalho de comandar as ações. Um arquivo encontrado pela polícia, intitulado "Valdecy campanha teatro", detalha o orçamento de R$ 55 mil por grupo, com registros precisos sobre o número de pessoas abordadas e convencidas a mudar o voto.
O caso ganhou ainda mais notoriedade quando vídeos de 2022, mostrando Valdecy ao lado dos supostos líderes do esquema, Roberto Pinto dos Santos e Bernard Rodrigues Soares, vieram à tona. Nas gravações, o candidato elogia os criminosos por sua atuação na campanha que o fez um dos políticos mais votados do estado. Além disso, a quadrilha é suspeita de produzir notícias falsas contra adversários políticos, como uma reportagem falsificada que ligava o deputado estadual Leo Vieira (Republicanos), rival direto de Valdecy na eleição, ao assassinato da vereadora Marielle Franco.
Com a gravidade das acusações, o futuro político de Valdecy da Saúde está em risco. Se as investigações confirmarem seu envolvimento direto no esquema, sua candidatura poderá ser cassada antes das eleições. Além disso, a Polícia Federal também apura a possível participação do grupo em desvio de dinheiro público, já que áudios revelaram que membros da quadrilha ocupavam cargos comissionados em diversas prefeituras.