Nesta sexta-feira (23), o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) prendeu Sérgio Acciolly dos Santos, conhecido como Dinho Resenha, candidato a vereador de Belford Roxo pelo partido Progressistas, sob graves acusações de compra de votos e envolvimento com o crime organizado. A prisão, realizada em sua residência no bairro Santa Amélia, chocou a população e lançou novas suspeitas sobre a integridade das eleições municipais na Baixada Fluminense.
Dinho Resenha, que já havia concorrido sem sucesso à Câmara Municipal nas eleições de 2020, voltou a ser alvo de investigações após a descoberta de um esquema de compra de votos. Segundo a Promotoria Eleitoral, Dinho vinha utilizando a influência de grupos criminosos locais para garantir apoio eleitoral em troca de dinheiro e favores. As investigações revelaram que ele estava ligado ao traficante Geonário Fernandes Pereira Moreno, um dos líderes do tráfico em Belford Roxo, para conseguir acesso a eleitores em áreas controladas pelo tráfico.
As evidências contra o candidato surgiram durante a análise do celular de Michel Maia Rodrigues, um policial militar preso em maio deste ano na Operação Patrinus. Nas mensagens trocadas entre Michel e Dinho, a Promotoria identificou uma trama bem organizada de compra de votos, com pagamentos de até R$ 50 por eleitor. A rede criminosa, que incluía o recrutamento de cabos eleitorais para atuar na boca de urna, é apenas a ponta do iceberg nas conexões perigosas entre política e crime na região.
A prisão de Dinho Resenha não afeta apenas sua candidatura, mas também lança uma sombra sobre a campanha de Matheus do Waguinho, candidato a prefeito de Belford Roxo e colega de partido de Dinho. Matheus é filho do atual prefeito Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, e da deputada federal Daniela do Waguinho, ambos figuras influentes na política local e com histórico de controvérsias. Waguinho já foi denunciado por fraude em licitação e outras irregularidades em sua administração, o que coloca toda a estrutura familiar sob escrutínio.
Waguinho, que também é do Progressistas, tem enfrentado críticas por sua gestão à frente da prefeitura, com denúncias de corrupção e falta de transparência em contratos públicos. Em 2018, ele foi denunciado pelo MPRJ por restringir a publicidade de editais de licitação, o que teria favorecido empresas próximas à sua administração. Além disso, a deputada Daniela do Waguinho também foi citada em investigações sobre o uso irregular de verbas de campanha.
O clã Waguinho, que domina a política de Belford Roxo há anos, enfrenta agora um desafio significativo com a prisão de um de seus aliados próximos. A detenção de Dinho Resenha pode comprometer a confiança dos eleitores no Progressistas e abalar as chances de Matheus do Waguinho nas urnas. Analistas políticos da região veem o episódio como um divisor de águas na campanha, que já vinha sendo marcada por tensões e acusações mútuas entre os candidatos.
O impacto da prisão de Dinho Resenha se espalha além das fronteiras de Belford Roxo, colocando em questão a integridade do processo eleitoral na Baixada Fluminense. A relação entre o candidato e o crime organizado é um reflexo preocupante das práticas eleitorais na região, onde o poder de facções criminosas muitas vezes se entrelaça com o jogo político. As autoridades agora trabalham para desmantelar a rede criminosa e garantir que as eleições sejam realizadas de forma justa e transparente.
A defesa de Dinho Resenha, por sua vez, nega as acusações e afirma que ele foi vítima de uma armação política para prejudicar sua candidatura. No entanto, as provas apresentadas pelo MPRJ, incluindo mensagens de texto e gravações, pintam um quadro sombrio da realidade política de Belford Roxo. O caso promete se desdobrar nos próximos dias, com novas revelações que podem sacudir ainda mais o cenário político da cidade.
Com as eleições se aproximando, o episódio acende um alerta para a população e para os órgãos de fiscalização. A prisão de Dinho Resenha pode ser um sinal de que as autoridades estão finalmente dispostas a enfrentar as alianças perigosas entre o poder político e o crime organizado, numa tentativa de limpar a política local e restaurar a confiança do eleitorado. O futuro da campanha de Matheus do Waguinho e do Progressistas em Belford Roxo, no entanto, permanece incerto.