As eleições municipais de 2024 prometem uma disputa curiosa nas urnas. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 164 candidatos usarão o nome Lula, enquanto 62 adotarão o nome Bolsonaro. Surpreendentemente, muitos desses candidatos estão filiados a partidos cujas ideologias não correspondem aos ex-presidentes que inspiram seus nomes. Entre os Lulas, por exemplo, alguns estão no Partido Liberal (PL), partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto há Bolsonaros concorrendo por partidos de esquerda, como o PSB.
Entre os casos mais inusitados está o de José Vilânio Assunção de Melo Lula e José Enilson Assunção de Melo Lula, que concorrem pelo PL na cidade de Bodó (RN). Mesmo carregando o sobrenome "Lula", que remete ao atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ambos evitam usá-lo nas urnas para não gerar confusão sobre suas posições políticas. Já entre os Bolsonaros, apenas sete candidatos realmente têm esse sobrenome de registro civil, incluindo três parentes do ex-presidente Jair Bolsonaro: seus filhos Carlos e Jair Renan, e seu irmão Renato.
Na cidade de Jatobá (PE), os eleitores que votarem na chapa de vereadores do número 22 poderão eleger um candidato chamado Lula, mesmo sendo filiado ao PL, partido de Bolsonaro. O nome Lula, comum entre pessoas chamadas Luiz, acaba sendo um reflexo do forte simbolismo político associado ao ex-presidente, mas não necessariamente reflete as posições dos candidatos que o adotam nas urnas.
Outro caso peculiar é o de Walter Hermes Das Neves Junior, que escolheu o nome Junior Bolsonaro para concorrer a vereador em Roseiras (SP) pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), tradicionalmente de centro-esquerda. A sigla também abriga Roseli Bolsonaro, que concorre a vereadora em Iacanga (SP). Essas situações ilustram como a política municipal pode se desviar dos estereótipos ideológicos nacionais.
O fenômeno de Lulas e Bolsonaros concorrendo em partidos opostos à sua origem política é um sinal de que, no âmbito local, as alianças e candidaturas muitas vezes fogem do espectro ideológico das eleições nacionais. Isso demonstra a flexibilidade das escolhas políticas em níveis municipais, onde o pragmatismo tende a se sobrepor à polarização.