22/09/2022 às 18h03min - Atualizada em 22/09/2022 às 18h03min

Furtos de mais de 52km de cabos este ano causam apagão nos sinais do Rio

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Furti de cabos da CET-RIO apaga sinais e causa acidentes. Rua Viana Drumond com Teodoro da Silva Foto: GABRIEL DE PAIVA / Agência O Globo

Um acidente envolvendo um carro de passeio e um táxi deixou três pessoas feridas no cruzamento da Rua José Higino com a Avenida Maracanã, na Tijuca. No entroncamento da Marquês de Valença com a Heitor Beltrão, no mesmo bairro, outra colisão na mesma semana, esta sem vítimas. Os dois episódios tiveram uma causa em comum: o apagão nos sinais de trânsito provocado pelos furtos de cabos. O problema afeta diferentes pontos da cidade e causa transtornos para motoristas e pedestres, além de prejuízos, numa rapidez que desafia os órgãos públicos. De acordo com a CET-Rio, mais de 52 mil metros de fiação foram levados por bandidos entre janeiro e agosto de 2022, o que já supera todo o ano de 2021 e causou um rombo de R$ 3,1 milhões.

— O problema aqui é constante. Já conversei com técnicos (da prefeitura), e eles falam em furtos de cabos. Na Marquês de Valença, onde moro, já houve acidentes. Agora foi na esquina com a Heitor Beltrão. Tudo isso por conta de sinal apagado. O momento mais crítico é na hora de entrada e saída das escolas — reclama o morador Luiz Cláudio Moreira Marinho, de 34 anos.

Garras antifurto

A Grande Tijuca, onde Luiz Cláudio mora, é o local da cidade com o maior número de furtos. Neste ano, a região já soma 39% das ocorrências. Só nos três primeiros meses foram mais de 30 mil metros de cabos subtraídos, segundo dados da CET-Rio. No ano passado, a região ocupava a segunda colocação com 15,91% dos casos. Na época, o maior foco estava no Grande Méier, com 27,27% das ocorrências — hoje a região, na terceira colocação responde por 15% dos casos.

Só no primeiro trimestre de 2022, foi batida a média mensal de 200 furtos, com leve aumento em julho. Para tentar frear os furtos de cabos e controladores em sinais de trânsito na cidade, a CET-Rio começou instalar no alto dos postes os controladores, aquelas caixas grandes com equipamentos que regulam o funcionamento de vários sinais. Elas ficavam mais abaixo, para facilitar o acesso das equipes de manutenção.



Sob os controladores, foram instaladas garras metálicas para impedir o acesso dos vândalos. Nos primeiros sete meses do ano, bandidos furtaram 53 dessas caixas. No ano passado, de janeiro a dezembro, foram 137. A troca de blocos de material metálico por policarbonato também foi outra estratégia para reduzir o valor das peças no mercado clandestino de sucata. Só no ano passado, a prefeitura teve um prejuízo de quase R$ 5 milhões com furtos de cabos e controladores.

Garras antifurto já podem ser vistas em mais de 20 locais considerados vulneráveis, como Tijuca, Bonsucesso, Engenho da Rainha e Inhaúma. Segundo a CET-Rio, os equipamentos impediram novos ataques. Já as caixas que ficam na altura do solo estão sendo concretadas.

— Esses furtos, além do prejuízo material aos cofres públicos, colocam em risco a vida de motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres, podendo causar acidentes graves — disse o presidente da CET-Rio, Joaquim Dinis.

No Largo da Segunda-Feira, que faz entroncamento com três das principais vias da Tijuca — as ruas São Francisco Xavier, Conde de Bonfim e Haddock Lobo —, a travessia de pedestres exige um verdadeiro malabarismo. Moradores reclamam que acidentes e atropelamentos são comuns no local.

— Há dias esse sinal está parado. Consertaram na última semana, e agora está apagado de novo. Aqui tem muita gente que atravessa. Foram três atropelamentos só nas últimas semanas, por sorte sem gravidade. As pessoas precisam ficar acenando com as mãos para atravessar — disse o vendedor de pipocas Olavo Oliveira do Nascimento, de 69 anos, que trabalha na região.

A produtora Juliana Damásio Carvalho Machado, de 33 anos, também foi testemunha de acidentes provocados por sinais apagados na Rua Deputado Soares Filho, no Maracanã. Ela ressalta que a poucos metros dali ficam os colégios Militar e Pedro II, com grande fluxo de alunos. Na terça-feira, havia várias pontas de fios expostas no poste, e o semáforo estava desligado.

— São várias ruas da Tijuca, do Maracanã e de Vila Isabel nessa situação. Nem o Alto da Boa Vista escapa. Lá, à noite, a gente fica sem saber o que fazer — se queixa Juliana.

A aposentada Maria Josina da Silva, de 75 anos, que o diga. Na terça-feira, ela penou para atravessar a Rua Viana Drumond, na esquina com Rua Teodoro da Silva, em Vila Isabel.

— Por ser uma rua de muito movimento, vêm muitos carros. Às vezes, demora uns dez minutos ou mais para eu conseguir atravessar. O sinal aqui não funciona há muito tempo. Eles trocam a fiação, e as pessoas vêm e levam. Acho que as autoridades até desistiram de ficar reinstalando os fios. Pior para nós — desabafa.

Reincidência de crimes

 

Nas redes sociais, a Subprefeitura da Grande Tijuca pediu a compreensão da população: “Instalamos novo equipamento e cabeamento e no dia seguinte já são furtados”. A CET-Rio informou que suas equipes de manutenção trabalham 24 horas por dia, nos sete dias da semana, para solucionar esse tipo de vandalismo, que é recorrente.

Por nota, a Polícia Militar comunicou que o combate a esses furtos não pode se “limitar ao policiamento ostensivo em vias urbanas”. A corporação alega que a legislação favorece a reincidência desses crimes. “Os policiais militares efetuaram 170 prisões de pessoas envolvidas em furto sem resultado prático: 90% dos detidos retornaram às ruas dias depois após as audiências de custódia”, diz o texto. Ainda de acordo com a PM, o furto de cabos é cometido, na maioria das vezes, “por pessoas em situação de vulnerabilidade, o que demanda ações mais efetivas da área de assistência social”.

A Polícia Civil também destacou que as leis são brandas com furtadores, o que leva à reincidência.




Fonte: https://extra.globo.com/noticias/rio/furtos-de-mais-de-52km-de-cabos-este-ano-causam-apagao-nos-sinais-do-rio-25576489.html


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