A seca extrema no rio Madeira, em Rondônia, causou a paralisação parcial da Hidrelétrica de Santo Antônio, uma das maiores do Brasil. De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), apenas 14% das turbinas da usina estão em operação, resultado do nível crítico do rio, que na última terça-feira (3) atingiu a menor marca em quase 60 anos: 1,02 metro. A hidrelétrica possui 50 turbinas, mas atualmente só sete delas estão funcionando, gerando cerca de 490 Megawatts.
A Eletrobras, que controla a hidrelétrica, informou que a decisão de paralisar parte das unidades geradoras foi necessária para concentrar a geração de energia nas turbinas localizadas na margem direita do rio. Apesar dos desafios, a empresa afirma que segue gerando energia para Rondônia, Acre e outras regiões do país. No entanto, não descarta a possibilidade de uma paralisação total caso o nível do rio continue a cair.
A crise hídrica na região amazônica está sendo agravada por dois fatores: o aquecimento anômalo do Oceano Atlântico Norte e o fenômeno El Niño, que têm inibido a formação de chuvas na região. A situação já havia sido considerada crítica em julho pela Agência Nacional de Águas (ANA), que admitiu a possibilidade de paralisação da usina de Santo Antônio devido à baixa vazão do rio Madeira, que, por ser uma usina de fio d’água, depende do fluxo constante do rio para operar.
Além do impacto na geração de energia, a seca extrema afeta diretamente a vida da população ribeirinha. Muitas famílias que vivem às margens do rio estão enfrentando a escassez de água, com menos de 50 litros diários disponíveis para toda a família, quantidade muito inferior ao mínimo recomendado pela ONU. Na comunidade Maravilha, a seca de um igarapé levou à morte de peixes e agravou a crise de acesso à água potável.