O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta quarta-feira (4) que, se nada for feito, os gastos obrigatórios do governo, especialmente os previdenciários, poderão consumir completamente os recursos discricionários dos ministérios, levando à paralisação da máquina pública. Em entrevista à GloboNews, Haddad destacou a necessidade de um debate sobre a revisão das leis atuais, que regulam os gastos obrigatórios, sob pena de os ministérios ficarem sem recursos para importantes ações governamentais.
Haddad explicou que o crescimento das despesas obrigatórias, como aposentadorias, saúde, educação e emendas parlamentares, está pressionando o orçamento, limitando cada vez mais o espaço para investimentos e outros gastos livres. Segundo ele, sem uma reforma que altere essas regras, o governo enfrentará um cenário de extrema restrição orçamentária nos próximos anos, o que pode comprometer até mesmo o funcionamento básico da administração pública.
O governo tem focado na revisão de cadastros de beneficiários de programas sociais, como Bolsa Família e BPC, para combater fraudes e tentar reduzir despesas. No entanto, especialistas alertam que essas medidas, embora necessárias, têm impacto limitado e não resolvem o problema estrutural. Economistas defendem reformas mais amplas, incluindo mudanças nas regras de aposentadorias e gastos com servidores, para garantir a sustentabilidade fiscal.
O Tribunal de Contas da União (TCU) já havia alertado sobre o risco de um "shutdown" da máquina pública até 2028, caso as despesas obrigatórias continuem a crescer no ritmo atual. Haddad reforçou a urgência de discutir soluções para evitar que o aumento das despesas fixas comprometa a capacidade do governo de investir em áreas essenciais e manter o funcionamento pleno dos serviços públicos.